" A boa absorção ou abertura de consciência acontece somente no momento em que não nos prendemos na forma. Aprofundarmos-nos no conteúdo real quer dizer: 'Quem não quebra a noz, só lhe vê a casca'. Mas para quebrar a noz é preciso senso e noção, base e atributos que requerem tempo para se desenvolverem convenientemente" Hammed
quarta-feira, 21 de abril de 2010
A gaiola
Seremos pássaros que não voam e nem cantam?
Vivemos em gaiolas ilusoriamente bonitas e seguras.
Cheias de adornos irrefletidos.
Aceitos livremente?
Crenças, valores, preconceitos,
condicionamentos de todas as espécies.
Modelos morais, éticos e estéticos.
Como um pássaro destinado a voar se deixa aprisionar?
Como, se ele nasceu livre?
Saber o gosto da liberdade, o gosto do vento...
Como preferir a gaiola? Será que preferimos?
Que realidade vivemos?
O que será a realidade para pássaros aprisionados?
Sonhos e desejos contidos... sussurros da alma.
Sua destinação é voar...
Ele não ficará por muito tempo assim, sem pensar.
Alienado será.
A construção dessa gaiola foi tarefa de artíficies
perítos do medo, manipuladores de ferro retorcido
Nós aceitamos habitá-las por ignorância da bela inocência infantil.
Introjetamos e acreditamos não vivencialmente.
Conflitos surgem entre a alma do pássaro livre e o pássaro contido,
completamente.
O pássaro contido, reprimido, temeroso e morto. Não canta!
Mas algo muito profundo o exorta a voar...
É da sua natureza e é da natureza a liberdade.
Terá que voar e experenciar com suas
próprias asas todos os conceitos do mundo.
Será que são realmente reais? De lá da gaiola parecem...
Este pássaro terá que vivenciar e sentir para poder discernir.
Não mais absorver as experiências, os conhecimentos e
sabedorias alheias. Receber tudo o que lhe dão.
Da aguinha , migalhinhas de pão no chão.
Se alimentará pelos caminhos, conhecerá o valor nutritivo
da procura.
Seu destino é voar! A direção? Todas!
Pertencer ao todo e permanecer na vida consciente, presente!
Ele precisa ser levado pela beleza das estações e aprender
com elas.
Migrar para outras terras, conhecê-las, pertencer a todas.
Seguir as correntes de ar, seus fluxos, seus refluxos,
suas instabilidades.
Conhecer outros pássaros e compartilhar os pequenos
grãos espalhados no chão.
Saborear os deliciosos frutinhos de cada árvore
pelo caminho.
A vida é e sempre será muito generosa com os pássaros.
Ela é abundante!
A destinação de todos nós, pássaros, é voar ao infinito de possibilidades...
Rosa Barros
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