quarta-feira, 9 de junho de 2010

Falta


Do Útero da mãe,

aconchego e segurança.

Sensação de completude, de proteção.

Reminiscências nos invade

daquele lugar seguro.

Cordões cortados,

simbíose partida e na partida

para a vida, choramos

explodindo os pulmões.

Entra a vida e a vida exige agora

que sejamos Um.

No abandono daquele momento,

nos entregamos.

Carentes e faltosos ficamos.

Doce engano da alma pequena

que vem com a marca da divindade.

nada lhe falta, és grandiosa!

Acredita que não é um, é metade.

Sentindo faltosa busca amor em uma outra metade.

Mas viver é uma experiência solitária.

Viver é aprender a amar.

É na vida que o feto vai ao encontro ao

afeto interior.

Ninguém suprirá e ninguém dará,

o amor que somente ele encontrará,

quando se conquistar e se amar.

Como se desvincular dessa sensação de abandono,

dessa sensação que aperta o peito e oprime a alma,

que tem saudades daquele lugar?

Aceitar-se como Um.

Aceitar a solitude.

Aceitar a individuação.

Aceitar que é inteiro e não metade.

Amar-se.

E depois desfrutará e compartilhará o amor conquistado.

E não mais falta sentirá.

Completo estará.

A falta genuína que sentimos é a falta de nós mesmos,

e da separação com nossa Divindade,

do vagar sem conexão

com a alma e com a vida.

Aprender a amar é a chave

para aplacar a falta e a solidão,

que habita em nosso coração.

Rosa Barros