sábado, 30 de outubro de 2010

Oração


Senhor faz de mim um instrumento de tua paz.

E que eu encontre primeiro , em mim , a hormoniosa aceitação de meus opostos.

Onde houver ódio, fazei que eu leve o amor.

Aceitando o ódio que possa existir em mim e compreendendo todas as faces com

que o amor pode se expressar.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

E que eu me permita ter domínio próprio para não ofender...

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

E que eu aceite a discórdia como geradora da união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Podendo humildemente encarar minhas dúvidas

Onde houver erros, que eu leve a verdade.

E que a "minha verdade" não seja a única , nem que os erros sejam só os alheios.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

E possa, primeiro, conviver com o desânimo sem me desesperar.

Onde houver tristeza, que eu leve alegria.

E possa suportar a tristeza, minha e dos outros, sendo alegre ainda assim.

Onde houver trevas que eu leve a luz.

Após ter passado pelo "vale" e ter aprendido a

suportar todos os obstáculos.

Oh Divino mestre!

Faz que eu procure mais consolar do que ser consolado,

E que eu saiba pedir e aceitar consolo quando

precisar.

Compreender do que ser compreendido,

E me conhecer antes, para ter melhor compreensão do

outro.

Amar que ser amado,

Podendo me amar em princípio, para não cobrar o amor

que dou.

Pois: é dando que se recebe.

E sabendo receber é que eu ensino a doar,

Perdoando que se é perdoado,

E nao se perdoa o outro enquanto não há perdão

por si mesmo.

E é morrendo que se nasce para a vida eterna.

E é vivendo e amando a Deus e a vida que se perde

o medo de morrer!!


Oração de São Francisco de Assis, meu santo de coração. Aqui levemente alterada por um autor desconhecido. Recebi esta oração via e-mail e encantada com a oração neste formato quis repartí-la com todos aqui em meu blog.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Inteligência Intrapessoal


Ah bendita convivência!!

Interessante como podemos aprender muito com ela.

Autoconhecimento? Aqui está uma boa maneira de nos conhecermos.

É na convivência e seja ela qual for, até mesmo a "virtual".

Para mim, tudo é virtual. Pois todo tipo de convivência

é fruto de nosso mundo íntimo que é um mundo também, digamos assim, virtual.

Mas então o que seria Inteligência intrapessoal?

É uma espécie de bússola interna que possuímos frente as relações.

É ela que nós indica a hora de calar, o momento certo de agir, a hora de

de se corrigir, o momento certo de discordar e mesmo como praticar a tolerância.

Inteligência intrapessoal tem a ver com competências internas, ou seja,

fala de empatia, de assertividade e autorevelação.

Existe um princípio básico na natureza e é também uma Lei natural

que é a socialização.

É pela socialização que vivenciaremos este magnífico encontro com outras

singularidades humanas.

E o que isso nos traz? A socialização nos leva à uma viagem a nossa intimidade.

É um caminho educativo e de profundo autoconhecimento para quem

quer se autoconhecer.

O que é autoconhecimento, afinal?

É essa busca por nos entendermos, entendermos nossas reações diante da vida, e

a partir disso poder viver melhor e com qualidade conosco e com os demais.

Você pode procurar em livros de auto-ajuda, em práticas meditativas, em práticas

religiosas e frequentar um bom consultório psicológico.

Tudo isso é muito válido e necessário mas a pratica mesmo está em nossa convivência.

É sempre através do outro que podemos saber de nós. Não pelo o que o outro

me causa mas pela forma que eu reajo frente a este outro.

O problema não é como convivemos mas sim como vivemos com o que sentimos

e pensamos em relação ao outro. Instaura-se aqui o nosso conhecido "drama mental".

Para se conviver bem com os outros há uma urgência de saber conviver consigo mesmo.

Aqui novamente falamos do auto-amor, esse equilíbrio fundamental para

relações saudáveis.

Tudo começa em nós, e não dá para fugir disso. Não dá para fugirmos de nós mesmos.

Rever conceitos, dar uma olhada em nossa têndencia fantasiosa nas

relações. Tudo isso vem de nossa experiência interna, ela se projeta no outro

SEMPRE.

Mas a boa convivência é aquela construída numa boa convivência conosco.

Todos passam por este laboratório de autoconhecimento e nem se dão conta.

Quem deseja crescer e educar-se, conviver é tudo!

Relações saudáveis , nutritivas, prazerosas, gratificante e duradouras provém

do amor a nós mesmos.

Como temos respostas emocionais induzidas por situações que vivemos em nosso

dia-a-dia... É impressionante! Observem! Sintam!

OLhar para nós primeiro antes de cobrar ou transferir responsabilidades

por tudo o que sentimos e vivenciamos.

Os desacordos e desencontros são escolas de reflexão e reavaliação

de nossa vida íntima.

Que tipo de laços construímos em nossa vida diária?

Autoconhecimento é esta autodescoberta.

O que o outro me reflete e me perturba? Por que sinto o que sinto?

Por que faço o que faço? O que está por detrás das minhas reações e atitudes?

A nível energético ou transpessoal ocorre um fenômeno curioso. Fios magnéticos

nos ligam , há uma atração energética que nos mantêm ligados àqueles que

destacamos o "mal".

Pensar mal de alguém ou destacar o mal no outro nos liga a este alguém, e detona

as ligações magnéticas e os processos de causa e efeito.

O auto-amor só opera quando vamos em busca do autoencontro, precisamos

descobrir as mazelas ocultas em nós, retirar nossa máscara social.

Precisamos de interiorização, indagar nossos sentimentos, nossas razões e

essencialmente entrar em acordo conosco.

Entender as imperfeições alheias, caridade conosco e com os demais, gostar de nós

e nos aceitarmos.

Que tal partirmos para o convívio com o melhor de nós? Que tal irradiar alegria?

Que tal não esperarmos nada, nada mesmo de ninguém? Que tal nos doarmos pelo puro

prazer de o fazê-lo sem expectativas? Que tal pararmos de fantasiar? Que tal

exercitarmos a compaixão?

E o que é compaixâo?

É entender as fragilidades, as dificuldades, as imperfeições humanas.

Com compaixão somos mais realistas, menos exigentes e mais flexíveis.

Compaixão conosco em primeiro lugar, e tudo se refletirá em nossa convivência,

e esta é a maior escola de autoconhecimento que existe.

Rosa Barros.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Auto-amor


Você que me lê, faz brilhar a luz que há em você?

O que é auto-amor?

Todos falam do amor-próprio , da autoestima mas o que é tudo isso?

Será que sabemos nos amar?

Vivemos entre máscaras e ilusões.

Escutamos nossa voz interior?

O que é voz interior?

Amar mais os outros é desamor por nós.

É desamor mendigar o amor alheio.

Será que somos realmente capazes de nos querer bem?

Trabalhar por nossa felicidade é nossa meta maior. Só assim saberemos

repartir o pão com o nosso próximo mais próximo.

Repensar o que acreditamos que seja amor. Vivemos para amar os outros

e nos abandonamos nesta jornada.

Não estou aqui incentivando o egoísmo e nem o individualimo,

muito pelo contrário, mas o resgate do amor por nós mesmos.

Amar a nós mesmos foi culturalmente passado como um ato egoísta e não cristão.

Sofremos as sequelas psicológicas por este autodesamor.

O amor foi projetado no outro. E ficamos vazios de nós mesmos e sempre sedentos.

Mas a alma clama! O que ela quer nos dizer?

A nossa alma precisa ser resgatada. Ela está fragmentada, perdida.

Novos tempos se aproximam e agora a alma clama para que escutemos

a linguagem dos sentimentos íntimos.

Auto-amor é condição fundamental e esqueçamos o imediatismo,

Amar é apredizado eterno.

Sabemos ouvir a nossa alma?

Como é necessário o autoconhecimento!

Como discernir então entre os nossos reais sentimentos e a gama enorme de

situações conflitantes em nossa intimidade?

O que são desejos, crenças, interesses, valores, emoções, sentimentos e etc ?

Qual é a intenção genuína da alma?

Será que ela quer vivenciar a afetividade e viver pelo coração? O que sentimos

diante desta pergunta, o que respondemos? O coração bate forte, o peito abre?

O que isso quer nos dizer? A sensação é boa ou ruim?

Se a sensação é boa e abre o seu peito, é a alma indicando o caminho.

Sensações contrárias é o oposto.

As sensações são a linguagem da alma e passa pelo corpo!

Sabemos interpretar o que nossa alma quer ou nos confundimos com a vastidão

de opções do mundo?

Em estado de auto-amor teremos paz íntima. E esta paz se refletirá no mundo.

O mundo em que vivemos reflete a maneira que nos tratamos.

Como nos tratamos?

Qual é a real situação de nosso mundo íntimo?

Somos caridosos conosco ou somos nossos carrascos?

Conhecemos os nossos limites pessoais ou extrapolamos por carência de afeto.

Seremos tratados como nos tratamos. Somos responsáveis por tudo o que sentimos.

Como merecer o amor alheio se nem mesmo nos amamos?

Saber interpretar os sentimentos e as sensações é a chave e é

a consciência de nós mesmos.

Importantíssimo sabermos sobre os automatismos inconscientes que prejudicam nossas

mais nobres intenções.

Reformular conceitos aprendidos sobre nós baseados na visão de terceiros.

Quando cuidamos de nós entendemos facilmente os outros e suas vivências.

Essa experiência de auto-amor nos possibilita uma enorme alegria em amar

Auto-amor é deixar existir nossa singularidade, é construir nossa autonomia

e identificar quais são as nossos reais anseios na vida.

O que queremos? O que e quem nos controla?

Nos sentimos bem conosco? Somo o que queremos ser, e o que é Ser?

Onde está a nossa felicidade, nas nossas mãos ou nas mãos alheias?

O élan com a vida só se dará quando nos auto-amarmos!

Nós nos amamos? Olhe o mundo ao seu redor, e veja, onde está o amor?

Fora, dentro ou em nenhum lugar? É apenas um sonho, um desejo ou é

uma profunda vivência íntima? Apenas sinta e saberá!

Rosa Barros

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Carência


O mundo afetivo é merecedor de toda a nossa atenção.

Falar de carência é olhar para alguns aspectos importantes de nossa vida.

O Homem é um ser em evolução afetiva.

A carência é uma desnutrição que pode ter dito seu início na infância, e até

mesmo em outras vidas( aspecto transcental da carência).

Ninguém se sentirá humanizado se não receber devidamente afeto e carinho em

seus primeiros dias de vida. E quando um ser não se sente humano geralmente o

que vai ficar em potencial são os intintos básicos (conservação, a crueldade e a

ganância).

Mas o que é carência?

O carente se sente insatisfeito, sente-se privado de algo, tem necessidades não

atendidas, se sente infeliz. Vazio.

Desejos que foram recalcados, frustrações, experiências traumáticas, situações de

conflito podem ter provocado este estado de carência.

No ambito metafisico temos as forças energéticas, um dinamismo que reclama

complementação e equilibrio para gerarem bem-estar.

Vivemos num estágio especifico na Terra, onde estes estados sofrem os

ditames da lei de causa e efeito.

Como trazemos processos emocionais e psíquicos de outras eras, existem

também mecanismos profundos no nível inconsciente, gerando carências que não se

explica somente pela falta de amor não recebido.

São ativados de forma automática esse tipo de prisão psiquica dos sentimentos.

Fruto muitas vezes de consciência de culpa, e do malbaratar corações alheios com

atos irresponsáveis.

No aspecto social temos as formas de educar uma criança com violência

emocional e física.

Tudo isso gera no indivíduo o não sentir que é amado mesmo sendo.

A educação deve ser aplicada com afetividade, com respeito, com ética e

principalmente ensinar o sujeito a saber lidar com frustrações

e perdas.

Crianças excessivamente mimadas e que tem tudo o que desejam gera um adulto

sem limites e profundamente carente.

Na área espiritual trazemos os vicios milenares de querer ser amado sempre

a qualquer custo. Desejando sempre sem dar, sem conhecer o que é o altruísmo.

Seres egoístas ainda por excelência.

O que tudo isso acarretará?

Basicamente toda sorte de aspectos em nosso sistema emocional.

A solidão aparecerá, inseguranças, complexos de inferioridade, impulsos mentais

permissivos, depressões, conflitos na área de sexualidade e várias

patologias físicas.

Repensar este ser, apegado, que sofre por não amar e se alimenta de ciúmes

e demais conflitos de possessividade.

O carente quer amar mas não consegue.

Ele não consegue e exige, gerando relações conflituosas.

A esperança sempre está em sua mente, um dia ele será recompensado.

Vivemos muito distante de nossas verdadeiras necessidades, vivemos o que a

sociedade nos dita como o "certo" para nós.

Embebidos pelos conceitos de felicidade que a sociedade dita, não paramos para

pensar no que realmente nos preenche e nos gratifica.

Conhecer o que é realmente se realizar, este sentimento de felicidade em nós.

Desconectados do nosso mundo interior, vivemos de exterioridades. Vivemos uma

realidade falsa, somos desonestos com nossos sentimentos.

Negamos os nossos sentimentos e somos altamente influenciados pelo mundo exterior.

Matamos nossa alma ou anima, ou entusiamo, ou a própria vida.

A nossa alma está doente. Nossa intimidade precisa se curar.

Nadamos em mares da baixo estima, de incapacidades, de autopiedades, de culpas.

Nós somos responsáveis pelas dores de nosso mundo íntimo.

Carência em linguagem espiritual é um desajuste de nossas almas irresponsáveis,

teimosas, rebeldes e egoístas que só pensam e querem realizar o próprio prazer.

Vivemos numa cegueira espiritual incrível. Não conhecemos a ordem das Leis

Divinas e pagamos o preço.

Somente abrindo os nossos corações, sendo receptivos para uma nova visão das coisas

para a esperiência do altruímo, da nossa doação à vida , deixando pulsar

o amor em nós. Dividiremos e nos preencheremos.

É imprescindível olharmos nossas fantasias, nossos desejos, nossos ideais egoístas

de pura satisfação e gozo pessoal.

Lembrando que a nossa situação afetiva quem realmente suprirá

somos nós mesmos.

A inconformação é um obstáculo a um estado emocional saudável. A incorformação é

azedume da alma e nos desequilibra profundamente. Não traz transformação.

Se nos empenharmos pelo amor sem fronteiras saberemos que carência é puramente

egoísmo.

A impressão é que é falta de receber mas é falta de dar.

O carente não dá, ele na verdade só quer receber. E exige. E fica num ciclo vicioso

de vazio e necessidades constantes.

Sedentos de amor, nós queremos saciar a nossa alma carente mas poucos sabem o que é

verdadeiramente Amar.

A vida nos dará farto banquete em troca e jamais ficaremos famintos pois

o essencial, o amor , já habitará nossa alma e seremos plenos.

Rosa Barros

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Bem e o Mal


Para entendermos a questão do bem e do mal do ponto de vista puramente cultural teremos que conhecer algumas diretrizes criadas ao longo dos tempos por diversas religiões e doutrinas orientais e ocidentais. Temos como um exemplo determinante O Maniquéismo criada por Manés , nascido na Pérsia , no seculo III d.C.
Os príncípios do Manqueísmo são alguns principios adotados por algumas doutrinas como o Zoroatrismo e o Cristianismo.

Estabelece que o bem e o mal estão presentes na vida de todos dos indivíduos e o mundo portanto encontra-se dividido exclusivamente nessas duas vertentes. O objetivo da existência é o bem vencer o mal. A luz contra as trevas.
Bem, como estamos impregnados destes conceitos até hoje, vivenciamos esta posição cultural.

Tentarei trazer alguns símbolos religiosos para efeito de entendimento e seus significados com um olhar baseado no conceito de Polaridade, olhar para estes dois aspectos (bem e mal) de uma unidade, portanto dependentes um do outro para existir.

A mitologia e os símbolos arquetípicos são apropriados para o entendimento desta questão metafísica de dificil entendimento ainda.

O que é um simbolo?
O termo símbolo, com origem no grego σύμβολον (sýmbolon), designa um elemento representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível) que tanto pode ser um objeto como um conceito ou idéia, determinada quantidade ou qualidade.

No nível psiquico o símbolo faz a articulação entre o consciente e o inconsciente. Ele é mediador e organizador do Ego.

O que é arquétipo?
Arché-substancia primordial ( ar, água, terra , fogo). Thypos-impressão;marca. Ou seja, "um agrupamento definido de caracteres arcaicos , que , em forma e significado encerra motivos mitológicos, ou quais surgem em forma pura nos contos de fada, nos mitos, nas lendas e no folclore', segundo em fundamentos da Psicologia Analitica( Jung: O.C. vol. XVIII, p.33)

o arquétipo é sempre bipolar com seus aspectos criadores e construtores e seus aspetos negativos e destruidores.

"Os arquétipos 'adevêm do passado primitivo da espécie humana' e funcionam como matizes onde seriam engendradas todas as formas de representação específicas do nosso estado de ser humano"
Fonte: "História da Psicologia Moderna" Schultz & Schultz.

O que são Mitos?
Um mito (do grego antigo μυθος, translit. "mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis.
Fonte: Wikipédia

Como tudo na vida evoluí a nossa consciência também evolui. Podemos comparar a nossa psique a um orgão invisível que também tem sua expansão ou evolução.
O estado consciencial em que vivemos é o da dualidade ou bipolaridade. O conhecimento sobre a polaridade veio dos antigos Chineses quando proproram a existência de dois princípios, o YIN e o Yang ou os princípios masculinos e femininos. Eles englobam o nosso intelecto e os estado afetivos. São princípios opostos, forças que interagem para manter o equilíbrio do Universo.

Heráclito de Éfeso na Grecia antiga concebia o Universo como este conflito entre duas forças opostas. Teríamos que apreender a realidade com suas mudanças e contradições.

Carl Gustav Jung também acreditou nestes principios da Polaridade e compara a psique humana a um espectro de Luz.
Em niveis inferiores, ou seja, nos subtratos organicos e institual os feixes seriam infra-vermelhos e em seus aspectos superiores seriam ultravioletas transmutando-se em formas espirituais.
O grande paradoxo é: As duas dimensões , a orgânica e a espiritual formam um só mundo.

Nossa mente limitada só consegue perceber como distintos.

Os mundos subjetivos e objetivos estariam unidos em uma Unidade. Jung então traz a tona o conceito de UNUS MUNDUS da filosofia Medieval que diz:
"O modelo potencial da criação preexistente na mente de Deus, ou poder seminal de Deus, a Sapientia Dei- Sabedoria Divina -, que transforma um Nada...em incontáveis formas" (Von FRanz, !992a:198).

Este conceito de UNUS MUNDUS diz que o homem( microcosmo) é espelho do universo(macrocosmo)
Nossa psique é formada em duas polaridades ; O consciente e o inconsciente, e os opostos natureza e espirito segundo Jung.

Psique não é cérebro é um processo evolutivo contínuo, repleto de energia.
Esta energia é grande e gera tensões entre as polaridades e irá resultar nos símbolos da psique: sonhos, fantasias, e etc...

Novos simbolos vão sendo criados nesta tensão constante. Assim a psique vai deferenciando e crescendo.

O mito da Queda do Paraíso.

O primeiro ser humano era um ser humano total, ou seja, um andrógino. Não era sujeito a uma consciência polarizada, vivia em um estado de Unidade.

Adão um andrógino que estava em um estado Paradisíaco ou estado de Unidade.

Adão então se vè diante de duas árvores: A árvore da vida e a árvore do Bem e do mal.

Aqui a narrativa mitologica ja insere no contexto uma visão polarizada, antecipando a presença dessas duas árvores.

Adão foi criado "homem e mulher". Eis que finalmente ele resolve colocar parte de si mesmo "do lado de fora" e deixa-lo adquirir vida independente. Com isso percebemos o inicio do processo de perda da consciencia - Adão adormece.

É retirado então de Adão um pedaço de sua costela segundo a tradução de Lutero mas a palavra em hebraico é Tselah = flanco. A palavra Tselah tem raiz na palavra Tsel que quer dizer Sombra.

Então agora os dois aspectos estão diferenciados e chamados de homem e mulher. Só que esta divisão não atinge inteiramente a consciência de ambos pois eles não se reconnhecem ainda com suas diferenças.
A serpente outro simbolo de diversas tradições representa sabedoria e despertar de consciencia. Jesus apresenta a serperte como simbolo da prudência (Mt, X16) pelo seu modo de atacar e se defender. Pode ser simbolo da saúde, simbolo sexualidade e etc...
Aqui ela é um agente da divisão. Ela então propõe a Eva que coma o fruto proibido para que possa distinguir entre o bem e o mal. Assim Eva ganharia o poder de discriminar.
Depois que Eva come o fruto proibido a serpente cumpre sua promessa. Aqui os homens então entram no aspecto da consciência Polarizada. Perde-se a totalidade ou Consciência Côsmica.

Interessante que esta história encontra-se na mitologiade todas as raças e de todos os tempos com narrativas semelhantes. O que para Jung formaria o nosso inconsciente coletivo.

Surge o Pecado que é o fato de nos afastarmos desta Unidade.

Pecado na lingua grega: Hamartäma que quer dizer, "o pecado" e seu verbo hamartanein ou "deixar de acertar o alvo" , "perder o ponto".

Pecado é o estado consciencial de incapacidade de acertar o alvo(Símbolo da unidade)

Pecar é sinômimo de polarizar-se.

O homem possui consciência polarizada portando é um pecador. Pecado é a polaridade propriamente dita e não é o que a Teologia nos ensinou como apenas em fazer o mal, e evita-lo fazendo o bem.

O pecado sendo a própria polaridade é inevitável.

Nosso caminho em rumo a perfeição ou a este estado de unificação e totalidade é o caminho por entre os opostos. E caminhar na polaridade implica tornar-se culpado.

Na tragédia Grega o tema central é sempre a decisão constante entre duas possibilidades e sempre terminando o sujeito como culpado seja qual fosse a decisão.

O grande mal-entendido Teológico insitou nos fiés a busca constante de não cometer pecados mas levou o ser humano à repressao de vários aspectos de seu comportamento.

Quando classificamos algo em errado fazemos crescer o arquetipo da Sombra que segundo Jung são aqueles conteúdos privados da luz da consciencia. Conteúdos que ja pertenceram ao nível consciente algum dia. Negligenciamos a nossa sombra e nos sentimos culpados. Afastamos os aspectos tidos como "demoníacos": impulsos , idéias asquerosas e crueis e ações moralmente condenadas. Tudo o que a cultura condena como nossas fraquezas ou sentimentos que possam trazer frustração: inveja, cobiça, ambição , ciúme, desemparo, impotência, derrota, solidão e sofrimento

Este é o polo sombra que recusamos viver e alijamos de nossa consciência. Mas tudo o que recusamos viver sempre se manifestará no final.

Quando o Cristianismo transformou o diabo em rival de Deus, este perdeu o seu poder de Cura. Até Deus entrou no mundo das polaridades.

Mas Deus é a Unidade cabe nele tanto o bem quanto o mal.

O demônio é uma polaridade ,ou seja, o "senhor da divisão" e sua simbologia são sempre com chifres, garfos , ferraduras, ou seja, duas pontas voltadas para cima.

A própria simbologia diz que o mundo é polarizado ,ou é demoniaco, ou é pecaminoso.

Por isso que todos os mestres nos convidam a "abandonar o mundo".

É impossível se alcançar a unidade evitando um de seus polos ou uma parte da realidade.

O caminho rumo à cura passa pela culpa. Ela é justamente o que lhe dá garantia na busca pela liberdade.

O homem é pecador e portando ele precisará aprender a conviver com a culpa, caso contrário viverá em desonestidade consigo mesmo.

A culpa humana tem natureza metafísica não é provocada diretamente por nossos atos ditos "errados" perante a sociedade.

A necessidade de escolher e agir é a expressao visível da culpa.

Aceitar a culpa elimina o medo de tornar-se culpado. O medo representa limitação e impede nossa expansão.

Precisamos entender e ter consciência da polaridade em tudo o que existe, sem entrarmos em conflitos inerentes a esta condição.

O desafio é permitir-se vivenciar os conflitos com consciência.

Necessário questionar sempre os valores obsoletos.

Reconhecer que o mal na verdade nem mesmo existe.

Deus é unidade e é "Luz", é uma unidade abrangente.

Junto com a polaridade surgiu a escuridão, apenas para tornar a luz visível.

As trevas são imprescindíveis para tornar a luz visível à consciência polarizada.

Pensar que a escuridão é um facilitador ou servo da luz, é uma imagem bastante acalentadora e muda tudo.

A luz existe mas a escuridão não. Ela transforma imediatamente as trevas em Luz. O que não se dá ao contrário.

O mal é um subproduto de nossa consciência polarizada e é um intermediário para a percepção do Bem.

O mal nunca será o oposto do bem.

O desespero em dividir as polaridades é o próprio mal. O "mal" é o caminho para obtermos a percepção intuitiva. A única capaz de nos tirarmos da polaridade. Somente a intuição pode romper com as normas estabelecidas e inaugurar novas visões e ampliar a consciência.

O nosso olhar deve se apurar. Observar é o caminho para o autoconhecimento.

O simples olhar para uma coisa já traz luz pra a coisa observada.

Não é mudar o estado de coisas mas observar melhor para atingir a sabedoria ou Iluminação.

Enquanto o homem se pertubar e achar que deve mudar tudo ele ainda não atingiu o autoconhecimento.

O Ego sempre sempre divide e tende a escolher um lado. É o jogo ilusório que precisamos sair.

O homem acredita na imperfeição do mundo pois esta perdido nesta ilusão.

A imparcialidade é a palavra, observar os fenômenos sem avaliá-los entre sim e não.

Ou seja, sem nos identificarmos. Aqui está a força egóica.

Não atingiremos o mundo perfeito através de repressões, forças e divisões.

Teremos que entender que os opostos nunca se unirão e sim perceber sua dinãmica e aceitar.

Escapismo e ascetismo são as abordagens menos indicadas para se atingir o estado de União.

Enfrentemos desafios de forma consciente e sem medos.

Estamos agindo com consciência? Há envolvimento egóico em nossos atos?

Estas questões dicidirão se nossas ações vão nos libertar ou nos aprisionar.

Encontrar a nossa própria lei interior nos livrará de todas as outras.

Descobrir o nosso centro e concretizá-lo, ou seja, tornar-se Uno com tudo o que existe.

Que podemos fazer?

Aprender a amar.

O amor então surge como o unificador.

Amor é o princípio da receptividade e da abertura. Aceitação!

Não há condições e nem limites para o amor.

Enquanto vivermos o Amor condicional não nos unificaremos.

O amor não separa. A escolha separa.

O amor irradia como um Sol e essa é a idéia de Deus. Aquele que não diferencia, é Unidade.

Só o ser humano julga, divide e joga pedras.

O amor transmuta. Portanto amar o mau é redimí-lo.

Rosa Barros