segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sufi music

Na floresta




Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor
Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera
Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão
Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o pasto das mentes
E o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor

Na floresta não existe ignorante ou sábio
Quando os ramos se agitam, a ninguém reverenciam
O saber humano é ilusório como a cerração dos campos
que se esvai quando o sol se levanta no horizonte
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o melhor saber,
e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas

Na floresta só existe lembrança dos amorosos
Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram,
seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos
Conquistador entre nós é aquele que sabe amar
Dá-me a flauta e canta!
E esquece a injustiça do opressor
Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue

Na floresta não há crítico nem sensor
Se as gazelas se perturbam quando avistam companheiro,
a águia não diz: 'Que estranho' Sábio entre nós é aquele que julga
estranho apenas o que é estranhoAh, dá-me a flauta e canta!
O canto é a melhor loucura e o lamento da flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais

Na floresta não existem homens livres ou escravos
Todas as glórias são vãs como borbulhas na água
Quando a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro,
não diz: 'Ele é desprezível e eu sou um grande senhor'
Dá-me a flauta e canta!
Que o canto é glória autêntica e o lamento da flauta sobrevive ao nobre e ao vil

Na floresta não existe fortaleza ou fragilidade
Quando o leão ruge não dizem: 'Ele é temível'
A vontade humana é apenas uma sombra que vagueia no espaço
do pensamento e o direito dos homens fenece como folhas de outono
Dá-me a flauta e canta!
O canto é a força do espírito e o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis

Na floresta não há morte nem apuros
A alegria não morre quando se vai a primavera
O pavor da morte é uma quimera que se insinua no coração
Pois quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculos
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o segredo da vida eterna e o lamento da flauta permanecerá após findar-se a existência.

Gibram Khalil Gibran

Tambores do Oriente


Ao longe vislumbro uma enorme caravana.

O sol quente toca em meu rosto e vejo o alvorecer...

E com ele a luz do oriente.

Ouço vozes, cânticos alegres.

É uma festa!

Há um burburinho nas areias e o vento sopra...

ele sopra forte e passa pelo meu corpo como se

me empurrasse a seguir com eles.

Homens do norte chegam lentamente em seus camelos,

trazem notícias...

- O Rei vai chegar!! Eles dizem.

Meu coração pulsa de alegria e guardo em mim

aquela euforia.

Vão espalhar a notícia a toda gente!!

Ouço os cânticos e meu coração segue contente.

Vem, eles dizem...

Vem, a hora está próxima!!

Vem participar deste banquete!!

E saímos cantando e dançando ao som dos tambores do oriente!!

Rosa Barros