sexta-feira, 24 de junho de 2011

Inteiros revelados



Naquele dia sabia que estava diante de algo raro.

Havia simplicidade e inocência. Havia tanta beleza nas falas

que fiquei momentaneamente absorvida por elas.

A beleza me absorveu de tal forma que me tornei uma com ela.

E tudo se tornou sagrado.

Sua voz suave e tímida, tinha tanto carinho inibido que me fascinava.

A pureza se revelava.

Senti vigor e centralidade em ti .

Me pacifiquei. Naquele momento eu era paz.

Do meu peito desabrochavam rosas brancas...

Da brandura de seu ser saiam pétalas de sinceridades.

O diálogo se deu entre não-saberes, apenas de escuta, escutamos as possibilidades.

O que de possível éramos ali, sem expectativas.

Por entre risadas e gestos suaves, nossos rostos se iluminavam.

De prazer inenarrável!

Plenos momentos...

Quando poderia imaginar que te encontraria, assim, por acaso.

Será que existe acaso? Não sei, diria você.

E seguimos sem saber mas apenas vivendo...

Diria que és uma alma nobre, daquelas que nos despetam para nós mesmos.

A mulher além de mim mesma, te recebe e se entrega.

E me sinto completa,

plena e inteira.

Inteiramente sua.

Fico por entre sorrisos, levezas, ternuras e lágrimas.

Lágrimas sim, estas pérolas que rolam no meu rosto em contentamento.

Elas correm em direção aos meus lábios

e sinto o gosto do mar.

Estar contigo é um encontro comigo mesma.

Encontro de descobertas, não no depois mas no durante.

Nesse jogo espelhar, vejo o claro escuro contido em mim.

Não me embaraço, só reconheço e desperto.

O que é isso tão serenamente revelador?

Me engrandece e me enobrece.

A beleza me visita sempre que apareces, a beleza da alma

que ultrapassa toda a forma.

Não conseguiria descrevê-la.

Os toques são como os movimentos do mar...

No bailar suaves das calmarias ou em profundas ondulações,

correntezas de profundo vigor.

Quando nos encontramos é belo ver as cores em nossos corpos

Resplandecente arco-íris!

Sobem e descem em movimentos espiralados.

Digo que flutuo e me enraizo.

Um encontro entre céus e terras...

Onde o sagrado e o profano se encontram num sublime complementar de forças.

Há beleza em tudo! Os nossos olhos brilham, trazem a chama da vida.

A vida que pulsa em nossos pulsos acelerados.

Nestes encontros somos melhores e mais íntegros.

Somos a essência de nós mesmos.

Os aromas do encantamento nos abarca e os nossos perfumes exalam...

Juntos e separados, somos inteiros revelados.

Eu a mais bela das mulheres e você o mais

belo dos homens.

Rosa Barros

4 comentários:

  1. Um poema do Agostinho para Uma rosa:

    Meu amor que te foste sem te ver

    que de mim te perdeste sem te amar

    quem sabe se outra vida tu vais ter

    ou se tudo se perde sem voltar



    ou se é dentro de mim que tem de haver

    tanta força no meu imaginar

    que o poeta que é Deus o vá reter

    e te dê vida e faça regressar



    para de novo o sonho desfazer

    num contínuo surgir e retornar

    ao nada que dá ser ao que é querer

    ao fado que só dá para se dar



    por tudo estou amor e merecer

    o que venha para eu te relembrar

    só adorando o nada pretender

    só vogando nas águas de aceitar.

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  2. Belíssimo poema de Agostinho da Silva!! Gratíssima, BB!!

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  3. Encantado com este belo pedaço poético. Uma bela declaração de amor.

    Luis Bento

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  4. Obrigada, Luis Bento! Encantada com sua presença aqui!
    Beijos meus...
    Rosa

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